A Origem e a Tradição das Filhós
A origem exata das filhós é incerta, mas é indiscutível a sua profunda ligação à tradição cristã natalícia. Nas suas origens mais remotas, as filhós eram confeccionadas pelas famílias nas vésperas de Natal, sendo parte integrante das celebrações e de um rito de passagem que marcava o fim das tarefas agrícolas do ano.
As filhós são ainda hoje um símbolo de união e partilha. No passado, nas zonas rurais, era comum as famílias juntarem-se para preparar este doce, num gesto de comunidade que se mantém em muitas regiões do país. Este sentido de partilha é intrínseco à natureza da celebração natalícia, reforçando os laços familiares e comunitários.
A Confecção das Filhós
A receita tradicional das filhós é simples, mas requer alguma destreza. A massa, à base de farinha, ovos, açúcar e, por vezes, aguardente ou fermento, é estendida até ficar muito fina e depois frita em azeite ou banha quente. Após serem fritas, as filhós são polvilhadas com açúcar e canela, conferindo-lhes um aroma doce e reconfortante.
Embora a receita possa variar ligeiramente de região para região, a essência das filhós mantém-se inalterada. Em algumas zonas do país, as filhós podem levar abóbora na sua composição, dando-lhes um sabor e textura particulares. Em outras, é comum adicionar raspa de laranja ou limão, conferindo um aroma cítrico à massa.
A preparação das filhós é uma atividade que envolve toda a família. O ritual de estender a massa, fritá-la e, finalmente, saboreá-la, tem o poder de evocar memórias e criar novas, unindo gerações numa doce tradição.
As Filhós na Atualidade
As filhós continuam a ser um doce incontornável na mesa de Natal dos portugueses. Independentemente das mudanças nos hábitos e costumes, este doce mantém-se como um pilar das festividades natalícias, sendo o seu sabor e aroma indissociáveis das memórias e celebrações deste período.
Hoje, as filhós são também cada vez mais apreciadas fora das fronteiras de Portugal, contribuindo para a divulgação da gastronomia e da cultura portuguesa no mundo. Não só os portugueses espalhados pelo mundo continuam a preparar e a partilhar as filhós com as suas comunidades, como também esta iguaria tem conquistado os paladares de outros povos.
Em resumo, as filhós são mais do que um doce. Elas são um testemunho da riqueza e da diversidade da cultura portuguesa, uma expressão da generosidade e do espírito natalício que caracterizam o povo português. E, acima de tudo, são um lembrete de que as tradições mais simples e genuínas são, muitas vezes, as que trazem mais alegria e significado à nossa vida.